No final da década 30, a Comissão Administrativa optou, em função dos estudos feitos, por um local adequado à instalação do Mercado Municipal: “o rectângulo delimitado a Norte pela Rua do Hospital Velho, a Sul pela Rua Latino Coelho, a Leste pela Rua da Boa Viagem e a Oeste pelo Largo dos Lavradores”. Uma das principais razões que levaram à escolha do local prende-se com o facto de ser a zona de Santa Maria aquela a que tradicionalmente acorriam os lavradores dos arredores, abastecendo a Cidade dos produtos da terra.
Painel de azulejos | Funchal 1910 |
Por Portaria de 5 de Abril de 1938, é autorizada a construção do novo Mercado.
As expropriações necessárias à sua execução, bem como as indemnizações delas decorrentes, são analisadas em sucessivas Reuniões de Câmara (9, 23 e 30 de Junho de 1938).
Reunião de Câmara de 17 de Junho de 1937 |
Reunião de Câmara de 13 de Julho de 1939 |
Reunião de Câmara de 30 de Outubro de 1940 |
A 30 de Outubro de 1940, o Executivo Camarário decide dar o nome de Mercado dos Lavradores ao edifício em construção.
Entretanto, a Comissão Administrativa submete à apreciação e aprovação do Delegado do Instituto Nacional do Trabalho e Previdência Social o respectivo horário de abertura e encerramento.
Como atrás se indicou, o Mercado dos Lavradores é inaugurado a 24 de Novembro de 1940, em cerimónia integrada no Programa de Comemorações da Fundação (1140) e Restauração da Independência de Portugal (1640).
Inauguração do Mercado dos Lavradores – env. nº 76 – 24 Novembro 1940 – Fotógrafo: Perestrellos Photographos |
Esse domingo foi, aliás, reservado para três inaugurações: o Cruzeiro do Pico dos Barcelos, o Mercado dos Lavradores e o Matadouro Municipal.
O executivo camarário era então e assim constituído:
- Presidência, Secretaria e Obras – Dr. Fernão Manuel de Ornelas Gonçalves;
- Teatro e Viação – Dr. Paulo Gonçalves;
- Postos Médicos, Cemitérios e Iluminação – Dr. William Edward Clode;
- Contabilidade e Incêndios – Ludgero de Freitas Martins;
- Instrução, Biblioteca e Museu – Dr. José Luíz Canavial de Brito Gomes;
- Mercado, Praça e Limpeza – Tenente Domingos Cardoso;
Por resolução de 1993, o Governo Regional da Madeira destaca o Mercado dos Lavradores como “importante ponto de referência na linguagem urbanística, arquitectónica e funcional da Cidade”, classificando-o como Edifício de Valor Cultural Local.
O Mercado dos Lavradores, pelas suas características peculiares, continua a ser a grande montra da actividade agrícola e piscatória da Região, mantendo -especialmente no abastecimento de Produtos alimentares frescos – uma supremacia e uma centralização inigualáveis, destacando-se ainda como o único Pólo abastecedor significativo da cidade, principalmente no sector do Pescado.
Com uma azáfama permanente muito própria foi, é e – com certeza – continuará a ser, uma Sala de Visitas obrigatória na Cidade do Funchal.
O Mercado dos Lavradores é um edifício modernista, dos anos 30-40, que constitui um símbolo da «Arquitectura do Estado Novo».
O Projecto, da autoria do Arquitecto Edmundo Tavares (1892-1983), contempla uma construção com 9600 m2 de área coberta. Este arquitecto, discípulo de José Luís Monteiro, projectou ainda, no Funchal, a Agência do Banco de Portugal (anos 30-40 do século XX) e o Liceu Jaime Moniz (1936-1942).
A obra do novo Mercado foi adjudicada a Manuel Alberto Gomes, por 2605 contos.
O edifício foi inaugurado a 24 de Novembro de 1940, sendo na altura considerado o mais moderno e aquele que melhores instalações possuía, em todo o país.
O seu Estilo é característico e revela a influência das “Artes Decorativas”, pela fase racionalista do Modernismo. Nele se destacam os seguintes Elementos Artístico-decorativos:
- Pérgola central, em cantaria trabalhada, ladeada por dois vasos de flores;
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Bebedouros em mármore;
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Painéis de Azulejos, pintados por João Rodrigues (Faiança Basttistini) na Época de Maria de Portugal – uma produção da famosa Fábrica de Sacavém (entretanto extinta). A sua temática regionalista tem formas vegetalistas (estilizadas em frisos decorativos com flores, folhas e frutos entrelaçados), alusivas ao espaço.
Até à inauguração do Mercado dos Lavradores, eram essencialmente dois os lugares públicos que abasteciam a população do Funchal:
- O Mercado de D. Pedro V (que, durante cinquenta anos, forneceu aos consumidores verduras e hortaliças);
- A Praça de São Pedro (onde era maioritariamente vendido o peixe que se consumia na Cidade).
O aumento demográfico, a necessidade de melhorar as condições de higiene e a vontade de instalar convenientemente os vários serviços municipais para o seu melhor funcionamento, foram os principais motivos que levaram à construção do novo edifício.
Tendo sido decidida a construção de dois Mercados – um a Oriente e outro a Ocidente da Cidade – como consta da acta da Reunião Camarária, de 17 de Junho de 1937, é no entanto nomeada uma Comissão para a escolha dos locais mais adequados. Essa Comissão era presidida pelo Dr. Fernão Manuel de Ornelas Gonçalves, Presidente da Câmara, tendo por Vogais o Dr. William Clode e o Tenente Domingos Cardoso.